CASACOR São Paulo tem 3 projetos feitos com ajuda da Inteligência Artificial
Nesta edição da CASACOR São Paulo, a Inteligência Artificial (IA) foi aplicada no design de três projetos para ampliar as possibilidades de expressão das ideias apresentadas por cada um dele. A partir do uso desse recurso tecnológico, os arquitetos dos ambientes Ocupação Terreiro, Acalanto e Encontros e Ristorantino Caffè projetaram novas imagens, texturas, simbologias, efeitos visuais e até sons visíveis. Entenda!
No espaço-instalação artística Ocupação Terreiro, a inteligência artificial foi usada para questionar a distorção da representatividade negra dentro do universo digital. “Os prompts que são gerados por lA têm uma distorção bastante grande do físico e das simbologias negras”, explica Alexandre Salles, líder do Estúdio Tarimba e arquiteto que concebeu o ambiente.
Junto ao designer Indio San, Salles trabalhou para criar no espaço uma imagem que fosse de fato representativa e estabelecesse um contraponto à falta de presença negra nas mídias geradas por IA. O resultado desse processo foi a projeção das Pretas Velhas e dos Orixás do Futuro, imagens que levam consigo uma provocação, conta o arquiteto: “O objetivo foi questionar qual tipo de imagem a gente pensa ou quer para o futuro, especialmente nesse recorte negro”.
Salles dá continuidade a sua análise metalinguística sobre a IA em uma das paredes do espaço, a qual ele caracteriza como um código do futuro. A parede foi gerada por meio de prompts alimentados da pesquisa realizada pelo arquiteto para projetar o ambiente na CASACOR. “A ideia é ela ser justamente esse código abstrato, como se o futuro estivesse nos trazendo uma mensagem”, afirma. Para isso, Salles centralizou a frase “sem folha, não há orixá” — a qual ele descreve como uma “frase-gatilho” e interpreta como um chamado à questão ambiental e espiritual.
A Inteligência Artificial também aparece como uma expressão da representatividade no ambiente Acalantos e Encontros, assinado pelo arquiteto Bruno Moraes. Neste caso, a tecnologia marca presença na peça que dá nome ao projeto: o tapete Acalanto, que traz uma inovação ao design por ser uma música indígena congelada em tapeçaria.
O uso da lA foi o que permitiu ao arquiteto e sua equipe do BMA Studio transformar as ondulações sonoras da música em ondulações visuais, para então sobrepô-las e imprimi-las no desenho do tapete. “Depois que foram retirados os fragmentos da música, juntamos as ondulações sonoras em um software para visualizar como ficaria uma onda ao lado da outra, e o modelo foi confeccionado com curvas perfeitas que representam as ondas sonoras separadas”, detalha Bruno.
A capacidade de criar diferentes efeitos visuais a partir do uso da Inteligência Artificial se expande até um dos últimos projetos do percurso da CASACOR, o Ristorantino Caffè. Ao adentrar no ambiente da Guardini Stancati Arquitetura e Design, a arquitetura paramétrica presente no teto é, provavelmente, o primeiro elemento notado pelo visitante. Para que esse resultado fosse alcançado, recursos de lA foram aplicados em duas etapas.
Primeiramente, foram geradas imagens por meio da inteligência artificial para a obtenção de referências de pesquisa, o que permitiu aos arquitetos explorarem um repertório de materiais e volumetrias.
“Isso nos alimentou de ideias para a concepção e criação do nosso projeto”, contam os arquitetos e designers de interiores Dani Guardini e Adriano Stancati.
Mas o efeito 3D provocado no teto veio em um segundo momento, em que a lA foi utilizada na elaboração do projeto do forro, feito pelo software Rhino com o plugin Grasshopper. “Fomos gerando e regulando prompts e códigos de acordo com o efeito visual que estávamos buscando”, explicam Dani e Adriano. Assim, os arquitetos engendraram o projeto volumétrico do grid, que deu origem ao formato icônico do teto do Ristorantino Caffè.
Fonte:
Por Maria Fernanda Barros – Casa Cor São Paulo 2024
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